Desenhar é preciso? O ensino de Desenho como grande área de conhecimento para a formação integral nos Institutos Federais

Márcio Santos Lima, 2020 – Doutorado em Teoria, Ensino e Aprendizagem, Universidade de São Paulo

Resumo fornecido pelo autor

O que é desenho? Desenhar é preciso? Desenho estaria além do mero manuseio de lápis e papel? Essas indagações me acompanham desde a infância e, hoje, constitui tanto a base da minha vida profissional, na condição de desenhador e docente, quanto as desta pesquisa. A ampliação do entendimento sobre Desenho, que ora grafo em letra maiúscula pela sua dimensão alargada de grande área, é fundamental para a condução deste trabalho, o qual procura investigar o ensino de Desenho nos Institutos Federais (IFs) como potencial colaborador no processo de formação integral dos estudantes de cursos técnico profissionais no Brasil. Para tanto, adotando metodologia de natureza qualitativa, foram executados e analisados três grupos focais com docentes dessa área atuantes em três estados do Nordeste: Ceará, Bahia e Sergipe. Surgem, através das discussões promovidas nesses encontros, as seguintes questões: o Desenho pode ser considerado grande área de conhecimento humano? Ele tem potência para contribuir na formação integral de estudantes dentro do universo educacional voltado ao trabalho? As impressões, concepções, reflexões e provocações levantadas por esses professores permeiam todo o texto desta tese, organizada em quatro capítulos, que preferi chamá-los de percursos, pelo fato de terem sido construídos nos moldes de uma viagem. No primeiro percurso, são abordadas as conotações e denotações da palavra Desenho, contando com o auxílio de pesquisadores como Claudio Mubarac, Edith Derdyk, Luiz Vidal Negreiros Gomes, entre outros, e com textos de Vilanova Artigas, Mário de Andrade e Flávio Motta. Em seguida, abordo o ensino de Desenho ao alcance de todos, sua história no Brasil, sua valorização e sua decadência no currículo escolar, a formação de professores de Desenho, os métodos e as reformas educacionais ocorridas ao longo do tempo. Autores como Rui Barbosa, Nerêo de Sampaio, Ana Mae Barbosa, Roberto Alcarria Nascimento, Lucio Costa e outros dão a sustentação teórica a essa parte. Mais adiante, apresento o lócus da pesquisa, os Institutos Federais, bem como sua estrutura administrativa, organizacional e política e suas bases formadoras: a educação omnilateral e a formação politécnica, concepções marxistas desenvolvidas pelos teóricos brasileiros Dermeval Saviani, Gaudêncio Frigotto, Maria Ciavatta, Marise Ramos, Dante Moura, Lucília Machado e Acácia Kuenzer. Por fim, na problematização da origem da divisão do trabalho a partir da separação entre trabalho manual e intelectual, há o destaque para a mão. A manualidade, sob a perspectiva heideggeriana, e o saber-fazer integral, na imagem do "pensar como um artífice", segundo o pensamento de Richard Sennett, caminham por uma epistemologia do artesanal, trazendo a proposta do ensino de Desenho voltado à oficina, contando com a transmissão oficinal, o aprender trabalhando, a relação mestre-aprendiz e a cooperação em sala de aula, tudo isso com o propósito de tornar real uma formação integral nos Institutos Federais. Todo este caminho leva à reflexão de que Desenho é, além de um saber-fazer integral, uma grande área de conhecimento humano na esfera da educação e, portanto, possui um universo próprio de atuação que transita por todos os demais saberes e profissões, contribuindo para um ensino omnilateral.

LIMA, Márcio Santos. Desenhar é preciso? O ensino de Desenho como grande área de conhecimento para a formação integral nos Institutos Federais. 2020. 361f. Tese (Doutorado em Teoria, Ensino e Aprendizagem) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Em virtude do tamanho do arquivo, PDF não disponível no portal GMEPAE. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27160/tde-25022021-161546/pt-br.php