Márcio Santos Lima, 2012 – Mestrado em Artes Visuais, Universidade Federal da Bahia
Nesta pesquisa, tive como objetivo principal estudar e analisar a obra de um dos
artistas autodidatas mais expressivos do período do Modernismo baiano, em
meados do século XX: o pintor e ex-engraxate João Alves. As interações e as
relações dialógicas entre sua pintura e o denominado Movimento Moderno oferecem
um pano de fundo para a elaboração do texto, trazendo à discussão o contexto
histórico e algumas implicações culturais, étnicas e socioeconômicas. Partindo do
método histórico-biográfico, optei por adotar o uso de entrevistas, depoimentos e
revisão literária, além da pesquisa bibliográfica. Cabe salientar que não havia, até a
atual dissertação, qualquer obra biográfica do referido artista. Portanto, na pesquisa,
busquei montar, através de depoimentos de artistas, colecionadores, escritores,
catálogos, recortes de jornais, fotografias e documentos, a sua biografia. Para tanto,
ressalto a relevância das palavras de Jorge Amado, em seus textos literários, os
escritos dos críticos de arte José Valladares e Clarival do Prado Valladares, bem
como as entrevistas realizadas com contemporâneos do artista e com Renot, dono
da Galeria Querino, na qual João expôs. Destaco a importância das contribuições
dos artistas plásticos Sante Scaldaferri, com depoimento e com sua coleção, e
Emanoel Araújo, diretor do Museu Afro Brasil, em São Paulo, com seu
posicionamento crítico e combatente contra o emprego do termo primitivo para
definir a arte de João Alves. Essa expressão foi questionada e problematizada no
intuito de refletir sobre seu caráter evolucionista e, logo, preconceituoso de claro teor
eurocêntrico. A falta de um arcabouço bibliográfico especializado na discussão sobre
a pintura primitiva, no Brasil, foi o que me motivou para a organização e
sistematização cronológica da investigação desse termo polissêmico no universo
artístico baiano. Enfim, finalizei a pesquisa com a análise de pinturas de João Alves,
que fazem jus ao seu título de Pintor da Cidade. Foram as obras que,
tematicamente, versaram entre as igrejas de Salvador e os casarios do Pelourinho,
representando com interpretação pessoal a Bahia, sua beleza, encanto e seus
problemas sociais. Destaco também o enorme esforço para reunir, de maneira
organizada, por tema e ano, a obra de João Alves que fora dispersa pelo mundo.
Como resultados, as discussões não foram esgotadas nem conclusivas, foram
propositivas e abriram possibilidades para, quem sabe, novas pesquisas e
aprofundamentos futuros sobre referido tema e o artista João Alves.
LIMA, Márcio Santos. João Alves, o pintor da cidade: relações dialógicas entre a pintura "primitiva" e o modernismo baiano.2012. 152 f. Dissertação (mestrado). Escola de Belas Artes, Universidade Federal da Bahia, Salvador/Bahia, 2012. Disponível em: http://www.ppgav.eba.ufba.br/pt-br/teses-dissertacoes?title=&field_autor_value=&field_categoria_value=All&page=5
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