Priscila Akimi Hayashi, 2024 – Mestrado em Artes Visuais, Universidade de São Paulo
A presente pesquisa busca compreender como opera a relação entre a história de vida e a transmissão de saberes num processo de construção de conhecimentos através das narrativas biográficas atreladas à aprendizagem de um fazer manual. Para isto, a investigação partiu de uma experiência de conversas e costuras com Lígia Hatsuko Hayashi, imigrante japonesa que chegou ao Brasil na primeira metade do século XX e teve a costura como seu principal ofício. Lígia é minha avó paterna e compartilhou comigo suas memórias enquanto imigrante nipônica, reconstruindo sua história de vida e transmitindo sua experiência como costureira, pois também me ensinou a costurar. A história oral foi a base fundamental da pesquisa, permitindo uma aproximação da história vivenciada por Lígia com a história social e ampliando as possibilidades de fontes de dados. Além dela, outros materiais, como documentos, registros, diários e objetos de memória foram acolhidos e incorporados às análises. Dada a natureza da pesquisa, a autoetnografia também compõe uma de suas bases metodológicas, por contemplar a participação ativa da pesquisadora nas experiências discutidas. Entre os principais acontecimentos que marcaram nossas aulas, destacam-se: a recuperação de vestígios (guardados) que atuam como referências para reflexões sobre as possibilidades de caminhos a serem seguidos; a relevância da memória e da história de vida como importante construtora de sentidos e consciência sobre o fazer e o acompanhamento atencioso das etapas de aprendizagem de técnicas, em conjunto com as orientações para a resolução de problemas. Tal acompanhamento também tornou possível o trabalho colaborativo, ou ainda, o fazer junto, que muito auxiliou na construção de saberes de forma relacional; a avaliação sensível das dificuldades e das potencialidades a partir do processo vivenciado e a elaboração de soluções e possíveis desdobramentos a partir das necessidades demonstradas ao longo do percurso de aprendizagem. Assim, a costura, compreendida como um ofício tradicionalmente feminino, popular e muitas vezes subjugado pelos crivos hegemônicos, proporcionou a experiência de transmissão de um fazer manual que leva em conta aspectos técnicos, estéticos e sensíveis em seu processo criador, dialogáveis com os processos de aprendizagem pela arte.
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Coordenação | Sumaya Mattar
Pesquisa e Conteúdo | Leandro de Oliva Costa Penha, Priscila Akimi Ayashi e Elisabete Marin Ribas
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